segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Metamorfose

Texto escrito há alguns meses.
Prova fiel de que não sou fiel. Sou mutante.

"Tem um dia que a gente simplesmente cansa de acreditar no destino somente quando este é favorável, cansa de ser realista e pés no chão demais. Como um fogo que consome, todos os rótulos para sentimentos somem nas cinzas e um bom remédio de tempo ajuda a gente a se livrar de ficar na defensiva até na hora de sorrir. É como se o tempo de vida falasse mais alto do que o que se foi aprendido desde a infância. Colocar o paredão da morte que nos espera torna-se incrivelmente útil diante das pequenas coisas da vida. Deixamos de acreditar em nobreza e divindade de sentimentos e passamos a vivê-los mais na íntegra. Porque um abraço, um beijo, um carinho, uma palavra pode abrigar a parte mais mole de todo ser humano, nosso coração, contanto que isso seja com vontade, com verdade. Depois, a gente para de olhar pro inalcançável e de esperar que a felicidade que dorme secularmente lá em cima. A terra chama, o fogo alenta, as paixões humanas consomem. O medo se torna minúsculo diante da imensidão da existência. É pra se jogar mesmo, de cabeça, pois vai doer. E se doer, passa. As atenções mudarão, as estações e as pessoas também. A vida não pode ser clichê, quanto mais os sentimentos. Evitar é a pior forma de sentir. Esperar é o silêncio mais incômodo de se ouvir. Mas viver é a forma mais deliciosa de ver, de tocar, de sorrir."


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