Nem acender, nem apagar a luz. Apenas esperar o dia e a noite chegarem, banhados com minha indiferença. Chegando ao ponto estapafúrdio de não querer mais reivindicar aquilo que não reivindica, de exigir aquilo que não se pode, eu simplesmente sorrio sem graça alguma. Sem mistérios a serem desvendados, sem segredos guardados no coração febril. Apenas nada, o tudo que me resta. Sento-me, calo e espero, quase impaciente, mas lembrando que é assim que as coisas devem ser, ou que são somente pra mim. Lembrar que sempre chega o dia neutro, o dia em que uma reflexão na varanda de casa supre a necessidade imediata mais profunda de amor. Nenhuma dose para aumentar o astral, ninguém para ouvir murmúrios. Apenas silêncio sem choro. Silêncio que pende entre a perturbação e a lembrança vaga da sua voz. Por que tem que ser assim? Sabe-se lá o porquê, só se sabe que é, sem mais, sem pontos-finais. Cair na rotina de uma ferida que não se fecha e anestesiá-la com as outras coisas da vida. O buraco no meio da grandeza da existência, que parece nunca deixar de existir. A não ser por alguns minutos. Efemeridade doentia.
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