Todos saturam os meses que passam no ciclo corriqueiro dos dias. Jogam em cima deles todas as fantasias, castelos e expectativas, ansiando pra a resolução dos problemas como se fossem fórmulas matemáticas: você me traz as respostas e eu paro de perguntar. No mais, quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas¹. Desistem e se entregam ao novo que chega, perfumando um bem-vindo na porta de casa ao sair, e começando o primeiro dia do mês com o pé direito. Patuás contra todo o mal que possa incidir em menos de trinta dias. Parece que a vida não continua, mas vive pausando para novas demolições do forte construído há pouquíssimas datas. Então novembro chegou e com ele todas as esperanças de um novo amor, um novo emprego, de novos projetos pra o ano que se aproxima. Que tal uma faxina emocional? Pois é. Outubro meio amargo se esvaiu entre as prévias destruídas pelo trator da desilusão e descarregou sobre as cabeças passivas uma nova dose de fé para aquilo que não se põe a mão. Nada além de esperar pelo super poder do tempo, o herói contra os males que nunca chega. Esperar e não fazer. Esperar e quebrar a cara. Mais uma vez. Por que um pacote de dias e não nós mesmos? Até quando iremos nos submeter a uma fração de segundos corridos para mudanças radicais se não for aqui, agora? Não... continuamos a optar pelo castelo de areia que o vento leva sem que nós percebamos e nos afogamos no mar de hoje e sempre. Isso também cansa porque a vida não é cronológica, mas é muito mais emocional, intensa, psicológica do que parece ser. A quantidade de aniversários celebrados não se comparam a maturidade adquirida e os presentes não devem ser entregues somente em datas especiais. A vida é redomoinho, contradição, surpresa. Flores se mandam depois de uma noite maravilhosa, convites se fazem num encontro casual, sorrisos são sempre bem-vindos. Dias não devem ser multiplicados e sim somados, cheios de energia positiva, pois assim a coisa anda melhor. A vida não é somente demarcação temporal e nem poeira para se varrer com alergia. O tempo sem datas é muito mais profundo e delicioso, despido de perseveranças que não se renovam. É muito mais que meras lamentações de um mês que não disse sim ao seu desejo. A vida e o tempo não estacionam, mas continuam. Basta ir vivendo para passar e não, passando para viver.
¹Veríssimo
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