"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo: te amo secretamente, entre a sombra e a alma (...)"
(Pablo Neruda)
Às vezes me perco buscando um lugarzinho reservado onde eu pudesse desenterrar lembranças e chorar sem que ninguém visse. Porque todos nós procuramos nos refugiar na pressão diária e nos despir das vestes que impedem a revelação mais privança. Vivemos o tempo todo mesclando palavras, nos recuando, dando sinal vermelho ao sofrer. Mas como um beco sem saída, nos deparamos com uma dor em sentido contrário: a de fora pra dentro. O coração acaba por se acostumar com essa dor aliviada com a morfina do medo, e a vontade de dizer 'te amo' simplesmente se perde entre tantas receitas que nos deram para "amortecer" tal amor. É, mas ainda assim, algo expele por minhas mãos e escorre em minha face, a qual não me deixa mentir. Essa face é a que todos olham, mas não enxergam: é a janela escancarada da alma que grita. Janela aberta, que não entra ar, apenas chuva - lágrimas.
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