Acordei bem melhor, como o não desejado. Você me veio assim, feito devaneio. Não perturbou, mas também não sumiu de vez. Ainda suspiro por esse dia, e eu sei que ele há de chegar sem grandes surpresas. Estou bem, distante, apenas escrevendo pra desabafar. Enxuguei lágrimas, guardei a roupa velha, experimentei novos vinhos. Não quero envelhecer contigo. Sinto-me desvairada com o tempo, não tenho dado tanta importância a ele. Ando flutuando, numa leveza sem fim. Estou bem mesmo, não é falsa aparição. Aliás, eu nem apareço pra não "forçar aparências". Não quero que você pense isso de mim. Talvez eu aqui, quieta no meu canto, reflita melhor a paz que me circunda e me faz viva. É a mesma paz que perco de vista algumas vezes, principalmente aquelas que você me vem como um anjo decaído, dizendo: "Mas os tempos mudaram!" e eu respondo: "Sim, mudaram... não acredito mais em anjos!" Tua falta não me alcança mais, e a tarefa de me amar continua na firmeza do concreto, na certeza do sol, no amanhecer de todo dia. Você não me dói, você não me nada. As coisas estão indiferentes, estão diferentes, acredite... não queira me causar, ou causar em mim o que já não é mais uma causa, mas uma consequência. A ferida fechou-se e a dor estacionou em algum lugar do espaço. Pode deitar e me expirar. O ar pesado já se esvaiu há tempos.
Bons ventos pra você.