sexta-feira, 29 de julho de 2011

Bons ventos


Acordei bem melhor, como o não desejado. Você me veio assim, feito devaneio. Não perturbou, mas também não sumiu de vez. Ainda suspiro por esse dia, e eu sei que ele há de chegar sem grandes surpresas. Estou bem, distante, apenas escrevendo pra desabafar. Enxuguei lágrimas, guardei a roupa velha, experimentei novos vinhos. Não quero envelhecer contigo. Sinto-me desvairada com o tempo, não tenho dado tanta importância a ele. Ando flutuando, numa leveza sem fim. Estou bem mesmo, não é falsa aparição. Aliás, eu nem apareço pra não "forçar aparências". Não quero que você pense isso de mim. Talvez eu aqui, quieta no meu canto, reflita melhor a paz que me circunda e me faz viva. É a mesma paz que perco de vista algumas vezes, principalmente aquelas que você me vem como um anjo decaído, dizendo: "Mas os tempos mudaram!" e eu respondo: "Sim, mudaram... não acredito mais em anjos!" Tua falta não me alcança mais, e a tarefa de me amar continua na firmeza do concreto, na certeza do sol, no amanhecer de todo dia. Você não me dói, você não me nada. As coisas estão indiferentes, estão diferentes, acredite... não queira me causar, ou causar em mim o que já não é mais uma causa, mas uma consequência. A ferida fechou-se e a dor estacionou em algum lugar do espaço. Pode deitar e me expirar. O ar pesado já se esvaiu há tempos.

Bons ventos pra você.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Liberté


Não vou mais à nocaute, nem cometo gestos compulsivos. Mantenho a cabeça no equilíbrio e abraço a tão desejada liberdade. Hoje até prefiro que as coisas pousem na minha mão, em vez de eu ter que ir buscá-las meio que "forçadamente". Porque nem tudo se requisita e se tem. Importância, admiração, amor e presença são uma parte desse tudo. Estes devem se dar por livre e espontânea vontade, fruto da conquista, e não do imediatismo barato. Opto então por deixar de lado o caos do querer, somado ao impulso, e me preservar no meu silêncio abafado por uma redoma. Não o silêncio por dor absurda, mas o silêncio voluntário de discrição que a vida me implorou. Cansei de agitar as palavras e adiantar a natureza; de querer dar dois passos à frente, quando só se pode um.  
A natureza, amiga da liberdade, abriu-me os olhos para o que de fato fosse meu, mesmo que temporariamente - sem ilusões de finais felizes. Nada de propriedades, obsessões e insanidade travestida de amor. E apesar de adotar essa forma de encarar as situações, não costumo ser hipócrita a ponto de negar falhas comuns de um ser humano. Ainda desejo só pra mim, cometo exigências banais e sou egoísta, sim. Mas existe uma razão que vem até minha porta, toca na campainha e não vai embora. 
Passei a acreditar mais em "amor livre" e agarrei isso com unhas e dentes. Talvez porque as melhores coisas que me aconteceram, foram dentro da ciranda da liberdade. Só liguei quando quis, só fui procurada quando a falta se pronunciou; só amei quando tive espaço, só fui amada quando dei folga a sorte. Uma coisa mais crua, mais independente, mais genuína. Com a minha presença, dei o direito de querer; se esteve ao meu lado, foi porque sentiu. Minha importância só na base da conquista, nada de solicitações esmolentas e rápidas - quem sabe numa hora de carência, servissem. Admiração só por mérito e sem marketing pessoal, por favor. Abaixo os enaltecimentos precoces! 
Talvez porque o mundo conquistou a liberdade de expressão, mas não a de sentimentos. Talvez porque eu queira mais originalidade no sentir.
Decido por fim, prosseguir em paz, passando por cima de dúvidas corriqueiras e adorando uma liberdade infinita. Cheia de borboletas que possuem querer, voando num céu que não tem volta. 
Perco-me com minhas asas incessantes.

terça-feira, 26 de julho de 2011

De olhos abertos

Talvez seja um começo, ou talvez não seja nada. Nunca se sabe essas coisas de coração. Fui dormir tarde e pensei por alguns instantes no que minha sensibilidade tem me submetido nos últimos tempos. Sem morbidez, apenas olhos famintos por luz. Saí da escuridão há meses, mas ainda sopro poeira. Decidi ficar à disposição do destino com um dedo meu, e desisti de me equilibrar em cordas bambas. Claro que sempre acompanhada de um manual de mulher bem resolvida e um par de asas insistentes. Flores, oceanos e céu azul não tem sido tanto minha prioridade já que de alguma forma involuntária, aprendi a suportar espinhos, desertos e invernos. Não me dói mais frios horrendos, e calores insuportáveis - talvez a falta deles. Eu me sinto como um poço de sensibilidade, fruta madura, cheia de amores ainda verdes. Sorri na minha cama ao pensar nos milhares de começos que a vida me deu, mas as continuações que ela não me pemitiu. Ou eu não me permiti. Ou não foi permitido por alguma coisa menor ou maior que eu. Sorrio porque adoro esses contos de estrada: curvas incansáveis, palavras retilínias, ações tangentes. Distraí-me olhando as horas e esqueci meus olhos no nada. Depois veio você. 

Adormeci de olhos abertos.


sexta-feira, 22 de julho de 2011

Miauês

Não sei se por mera falta do que fazer, ou se por mais cautela na observação de pequenas coisas, notei o comportamento da gatinha vira-lata que peguei pra cuidar temporariamente. Ela como filhote, se porta como sapeca e mega-energética. De alguma forma, percebi uma relação quase que direta com a nossa própria vida, enquanto criança. Você já parou pra pensar o quanto sua vida mudou e aquela criança que sorria com os olhos, esvaiu-se para algum lugar no espaço?
Essa gatinha se distrai com coisas óbvias, que passam despercebidas aos olhos humanos apressados, e eu bem que desejaria uma distração como a dela: brincar com uma bolinha, rolar no chão se medo de me sujar, chegar mais perto das plantas e tentar conversar com elas - em miauês. Ser mais livre das regras e inocentemente acreditar nas pessoas. Ganhar a confiança de um dono e não se decepcionar se ele não estiver a fim de trebelhar. Queria ser essa gatinha que conhece um pouco de tudo, sobe nos objetos, cai e se levanta numa tamanha facilidade. Queria sim, ser essa gatinha mais independente, que toma leite como se fosse o último de sua vida, e come sua ração como se fosse caviar.
Queria existir em mim mesma, essa criança perdida e emudecida com o tempo, com a carapuça que resolveram me encobrir. Queria voltar a sorrir com um rasgar de papel, queria pintar uma casa com um sol sem me importar em borrar as cores. Queria lamber a tampinha do danone na frente de todo mundo, e abraçar as pessoas com um pulo dado a distância. Porque essas são práticas que somem com o passar do tempo, fazendo-nos esquecer de nos doar com mais calor, com mais confiança, mais inocência, mais tolerância. 
Frutos de uma geração descartável, desertamo-nos de nos envolver por um sentimento puro (se é que ele existe), e muitas vezes estamos com alguém por total conveniência, somente em seu tempo útil. Dar valor aos mais desnudados sentimentos? Ah, isso é tão demodê. Todo mundo agora é de todo mundo. Mas eu adoraria saber onde está velha criança que se prevalece num olhar afetuoso; onde se escondeu o adulto que sorri com sinceridade; e em que beco o animalzinho maltrapilho se refugiou. 
Morrendo de inveja da gatinha serelepe que sobe no meu colo sem medo de cair, e que tem um instinto de eterna criancisse, eu vos digo: queria ser como ela. Uma criança inabalável.


Com um lado infantil mais vivo que nunca;
E um adulto quase imortal. 


Essa é a Lara rsrsrs

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Doce (com)paixão


Na verdade, tenho me sentido perdida entre o fomento congestionado que chamam de coração e as palavras-neologistas desse vocabulário à parte. Esse coração, indiferente aos estímulos do mundo, está apenas esperando para ser reconhecido, ou melhor, descansando para ser recauchutado. Mais uma vez. Ele se senta, aquieta-se numa posição cômoda, mas suspira por um estimulante - avassalador. A paixão.Tu me dissestes que as paixões por mais dilaceradas que sejam, não param, aliás, estão a mil por hora. Acho isso muito bom (quando acontece) porque só assim eu posso sair um pouco de mim, dar férias à razão, como se tomasse um doce inteiro de vez. Essas doses, doces e embrulhos no estômago me tomam por completo e me fazem em paradoxo, um ser cada vez mais resiliente, pouco previsível. Resiliência percebida apenas por fora, porque por dentro a coisa ainda é mole, morna e escorre aos litros. Em tal contradição eu me encontro, eternamente fútil e desnecessária. Sem fórmulas, previsões-perfídias, nem fugas. Apenas com paciência, dor de cotovelo no bolso e mãos na mesa. Aprendendo a ser gente e me afirmando como eterna receptora de estímulos, transformo-me em um piscar de olhos. Basta um toque de (com)paixão. 

Um pouco de doce, por favor?


terça-feira, 19 de julho de 2011

Para si

Dar um tempo do calor, das badalações e multidões. Porque todo mundo necessita de um tempo para si - curto ou longo - que faça do exterior apenas um complemento e o 'in' quase uma completude. Nada que se procure pelo mundo à fora será encontrado, se não houver o choque, o bater de frente com o nosso tão conhecido-estranho Eu. Este é o famoso "se correr o bicho pega e se ficar o bicho come", então para que correr contra? Vejo muitas pessoas fugindo de si mesmas, tendo medo da própria companhia e mistificando a solidão como o fio para pular do abismo. Dar um tempo para si, é dar um tempo do mundo que nos cerca, das satisfações encharcadas de falsos consolos, e dos pseudo-felizes entre uma multidão de almas tristes. Um tempo dedicado e exclusivo a nós mesmos revitaliza e reacende o que temos de mais importante, nossa alma. Sem reconhecê-la, jamais nos sentiremos seguros, auto-confiantes e saciados com o que somos em par com o que fazemos. Porque somente essa viagem interior, essa greve de agitos é capaz de fazer pensar para dentro, e esquecer um pouco de fora. Isto é dedicar-se. Isto é amar-se.

domingo, 17 de julho de 2011

Grito contido

"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo: te amo secretamente, entre a sombra e a alma (...)"
(Pablo Neruda)



Às vezes me perco buscando um lugarzinho reservado onde eu pudesse desenterrar lembranças e chorar sem que ninguém visse. Porque todos nós procuramos nos refugiar na pressão diária e nos despir das vestes que impedem a revelação mais privança. Vivemos o tempo todo mesclando palavras, nos recuando, dando sinal vermelho ao sofrer. Mas como um beco sem saída, nos deparamos com uma dor em sentido contrário: a de fora pra dentro. O coração acaba por se acostumar com essa dor aliviada com a morfina do medo, e a vontade de dizer 'te amo' simplesmente se perde entre tantas receitas que nos deram para "amortecer" tal amor. É, mas ainda assim, algo expele por minhas mãos e escorre em minha face, a qual não me deixa mentir. Essa face é a que todos olham, mas não enxergam: é a janela escancarada da alma que grita. Janela aberta, que não entra ar, apenas chuva - lágrimas.  

terça-feira, 5 de julho de 2011

Vida-titã



"Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo..." (Os degraus - Mário Quintana)




Olhei pra uma garota de apenas quatorze anos, com um câncer, mas olhos cheios de fé e um sorriso esplêndido e conformado. Li sobre um poeta soropositivo e que continuou a escrever até o dia de sua morte. Ouvi a história de uma estudante de vinte anos numa tentativa suicida. Sorri para um idoso com espírito de jovem estampado numa dança contagiante. Observando esses personagens, pensei curiosamente o que estaria por trás deles, o que haveria de comum em todos eles, e o que os diferenciaria. Consequência dessa observação, restou-me a impressão de que as coisas hão de ser sempre complicadas para uns e fáceis pra outros e que sempre existirá a real-comum inversão desses extremos: a mania de complicar o que poderia ser fácil, e a dignidade em facilitar o que deveria ser difícil. 
Com vergonha, vejo exemplos como a menina com câncer, que sorri pro pai e diz que também pode ser feliz se o membro for amputado. Ela faz de todo-santo-dia uma festa de quinze anos e se sente uma debutante a cada passar de ponteiro presenteado. 
Depois vem o escritor aidético que continua a escrever e desabafar. Ele ainda questiona sobre a vida, mas como a garota doente, não espera a morte. Busca forças para continuar vivendo mesmo em meio a um monte de saudáveis ingratos - nós. Não desiste da batalha, não se entrega e simplesmente se expressa nos versos, dando pistas de que está vivo, e bem vivo.
Aí vem a estudante de apenas vinte anos que tenta suicídio e que tem lá seus motivos psicológicos graves que jamais entenderemos - porém não a julguemos - mas que diferente do escritor e da garota com câncer, quase desiste do maior espetáculo que atuamos sem parar. Ela acabou por dar crédito a vida naquele momento, que mesmo conturbada, deu-lhe a chance de se mostrar com seus aços e flores - não desistiu. 
Por fim, vem o idoso dançando em par com a vida e se embalando no som alegre como seu espírito. Ele se mostrou mais vivo do que nunca, mesmo estando mais perto da longa viagem. Causou inveja e como os outros, não desistiu da dança. Nem se entregou às marcas do tempo que com seu passar, gera dores e insignificância.
Eu me envergonho desses exemplos, porque tenho membros perfeitos e não me dou conta disso; não percebo o quanto eles são importantes e valiosos. Mas vejo uma iniciante da vida sem reclamar do que para mim poderia ser o fim do mundo. Sinto-me um lixo quando alguém me menospreza, mesmo sem eu ter uma doença incurável. Mas me envergonho porque vejo um escritor doente lutando para se sentir de carne e osso como os outros, ainda que envolto por preconceito e gente hipócrita. Às vezes eu penso em perder as esperanças num término de relacionamento, em alguns objetivos acadêmicos não-alcançados, nas tentativas frustradas de ser melhor. Eu me envergonho porque vejo uma jovem que mesmo com problemas maiores que os meus e com uma tentativa equivocada de furto à vida, está cheia de novas esperanças, as quais a revitalizaram. Depois sinto-me preocupada com a efemeridade do tempo e com suas marcas, mas me envergonho porque há um idoso aproveitado o pouco tempo que lhe resta, enquanto eu não aproveito nem um quarto dos meus longos e imprevisíveis anos, jogando um pacote de horas fora.
Com tristeza, deduzo que tudo que nos acontece enquanto momento e ato, não é percebido com tamanho valor merecido. Não sei se porque somos incessantemente ingratos, ou se por uma mera falta de atenção nas coisas simples. São essas coisas simples que vem me surpreendendo a medida que as datas correm, e com elas afirmo o quanto esperamos a perda para nos darmos conta da presença. Nossas pernas para andar, nossa saúde pra dar e vender, nossa chance de estar vivo e fazer diferente, nosso tempo vital precioso, são algumas das simplicidades-titãs que nos tornam cegos e adormecidos, fazendo-nos esquecer do que realmente importa: a magnitude das coisas mais óbvias que existem. 
O que tenho a dizer com isso, é que cada qual com sua múltipla forma de viver; cada experiência com suas milhões de faces, haverá sempre um pedaço de vida inteira esperando para ser saboreada, adorada e intensamente vivida.
Porque nós não devemos desistir de viver, se compreendermos que a vida não desistirá de nós, mesmo quando insistimos em ignorá-la despercebidamente.




Silvanna Kelly.



sábado, 2 de julho de 2011

Santa e louca


Muitas coisas tem me chamado a atenção no comportamento dos homens e me assustado também. Fruto de uma sociedade extremamente machista, de que o homem pode e a mulher não, muitos deles tem se prevalecido do argumento pobre de que ‘mulher vadia é a que sai à noite pra beber e fica com quem quer.’ Alguns ainda dizem que não dão valor a mulher que se desvaloriza. Tudo bem, tratemos de fatos e sabemos que existem sim as que adoram a liberdade de forma errônea... mas de que valor eles falam?

Vale frisar quer ser mulher é um desafio! É ter caráter e postura diante das situações, mas também é sair por aí sem ter hora pra voltar, beber, se divertir e adorar beijo na boca. Fonte de desejos, vontades, surtos, as damas pertencem a um mundo particular de mistérios e beleza. Mas voltando à mulher ‘que não se dá valor’, acabo por defini-la como consequência pura do comportamento machista. Porque aquela que se comporta conforme o manual de mulher direita e de menina de família, cansou da subordinação e do desrespeito ao suposto amor e das fugidinhas ‘normais’ que a sociedade adotou. Porém, se você homem ainda assim, prefere a que não sai de casa, caladinha e submissa do que a mulher independente, inteligente e de atitude, prepare-se para se arquivar nos pensamentos mais arcaicos dos últimos séculos.

Os julgamentos pejorativos e desviados contra a mulher, me revolta e me faz pensar que a adequação para se relacionar com o outro não pode partir somente do homem pra mulher, mas também da mulher pro homem. Porque somos seres dotados de arbítrio e temos total direito de escolhermos quem queremos ficar. Você, homem, pare de achar que toda mulher que sai e rebate o que você diz, se desvaloriza e não coloque a mão no fogo por aquela santinha de família que você pretende namorar. As coisas são relativas e as evidências nem sempre se concretizam.

Caráter e reputação não tem nada a ver com o ambiente físico ou atitudes independentes, mas com o que a mulher tem de mais importante, sua essência. Portanto, não avalie uma mulher que está a rir com as amigas numa mesa de bar, e não carapuce seu medo taxando-a como ‘vadia’. Respeito e educação não tem preço e pode partir de qualquer gênero. Ah, e cuidado, um dia você pode quebrar a cara com a imprevisibilidade do amor.

De tudo, uma coisa é certa: da prostituta à executiva, as mulheres são a essência que move o mundo.

“E quantos segredos traz o coração de uma mulher?” (Zé Ramalho)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Mania de escrever

Fazendo parte da minha vida, as Letras me acompanham há pouco mais de um ano e meio e até agora só me causaram um cotidiano misturado com paixão. Eu adoro escrever e por isso, estou aqui para tentar passar um terço do meu pensamento louco, das minhas palavras emaranhadas, das minhas paixões dilaceradas. Sem pretensões de muitos seguidores, comentários e elogios, venho aqui expressar uma linguagem quase indescritível, a do eu; e não para dar ibope. Dias à fio, sentimentos à for da pele, coração com alguns band-aids e corpo inteiro cheio de amor, pretendo registrar minhas angústias (desculpem-me se eu for muito down às vezes, rs), alegrias, anseios algozes e saudades incuráveis. Gosto de descrever os fatos do meu jeito e não faço esforço para ser entendida. Sou confusa, desorganizada, adepta ao fluxo de pensamentos de Clarice, ao derramamento de palavras, de sentimentos que cobre a alma humana, a minha. Digo e digo mesmo, doa a quem doer. Mania do pessoal de Letras; refletir demais, falar demais, escrever demais. O 'demais' faz parte da minha vida, e portanto não me preocupo em exagerar, gritar, expelir entre os dedos o que sinto no peito. Encharcada de devaneios, registro no meu asteróide utópico, coisas inimagináveis e clichês que cooperam para a minha satisfação pós-sensibilidade. Minhas palavras servem como uma pouca tradução de um terço desse corpo inteiro que palpita, como uma dama louca, afiada e alinhada ao mistério do imensurável... o coração feminino.


Escreva-me também se quiser. Beijos