Hoje me veio reclamar uma coisa, cheio de razão. Pergutou o porquê de tantos insistirem em sacudi-lo quando não é permitido, e pior, surtirem tal efeito. Eu respondi que talvez seja só uma fase, de insegurança, imobilidade efêmera. Sempre me apoiando numa certeza ingênua.
Daí veio eu, a questioná-lo o motivo dele ser tão cruel comigo, e de não andar mais depressa, pulsar mais forte, derramar sua cor sobre os ares, deixando as coisas mais moles. Mas ele me cobra o que tínhamos combinado. Paciência.
De um tempo pra cá, ele tem parado de funcionar, de responder aos meus estímulos e se finge de morto o tempo todo, querendo me enganar e me deixar constrangida quando os outros perguntam como ele anda. Nem sobre sua função vital e básica, eu me atrevo a responder. Ele não me deu satisfação, também não quero mais saber dele.
Dentro da indiferença, ele já não bate nem apanha¹.
Andei tratando-o como algo que independe do meu corpo, dos meu gritos - uma coisa à parte. E me deparei com o maior de todos as fórmulas: o sentimento involuntário. Sem força, sem fé, sem ferro.
Compreendi que ele tinha vontade própria e que por esse motivo, parou de fazer acordos comigo, me acordei. Além do mais, eu descobri também que segurança e grande amor não são dívidas, mas dádivas. Quem sabe um dia eu as receba de um alguém.
¹Música "Socorro" de Arnaldo Antunes
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