domingo, 28 de agosto de 2011

Recado dado

Muita gente me pergunta o porquê de eu ainda estar solteira, depois de tanto tempo. Para os outros, as teias de aranhas tomam conta da minha vida e eu devo estar desesperada por um colo. Digo sorrindo que estou bem sozinha, e que não curto o medo da solidão, a que todos insistem em crucificar. Tendo sempre que responder as mesmas perguntas para pessoas diferentes, torno-me cada vez mais irredutível nas respostas. Poque de fato, nunca me importei ou pelo menos necessitei de estar sempre com alguém ao lado, curtindo praia, cinema e sábados em casa. Pode me chamar do que quiser: encalhada, seletiva, sonsa, alien, recatada, metida, independente - a vida seria sem graça sem os adjetivos. Mas quero que saibas que não me importo em continuar firme no que acredito e que minha situação, diferente do que pensam, não é nenhum um pouco deprimente. Vivo bem, tenho um presente bacana, mais um futuro incerto e muitos amores guardados numa caixinha chamada coração. Porque não publicá-los em redes sociais não significa que eu não os tenha. Sou uma pessoa, tenho sentimentos, me apaixono e desapaixono. Por um olhar, por um sorriso, por umas palavras mentirosas. Ah, me decepciono também e adoro ler textinhos da Lygia, do Quintana e da Clarice naquelas horas em que a saudade aperta. Sou gente também, não sou extra-terrestre. Apenas prefiro, ou melhor, não consigo me adaptar aos súbitos espaços de tempo chamados de 'ficar' que permeiam entre corações e objetos. Antes de ficar, gosto de ficar me amando, de ficar de bem comigo mesma, de ficar comigo. Adoro sem tirar nem pôr, ficar assim. Beijar por beijar não me preencheu, nem nunca me preencherá. Quem sabe um beijo mais a vontade mais o desejo mais um sentimento mais uma paixão mais um amor seja o que tão satisfatoriamente reservo pra mim. Não tenho culpa por gostar de ser assim, nem por ouvir música, sair no fim de semana, me divertir, escrever, ler e respirar sozinha. É uma pena pra sociedade que minha necessidade não esteja prioritariamente ligada a um outro alguém. Quem sabe, isso fique no meu segundo plano. Incerto, espontâneo e duradouro. E o que me inspira a vir aqui e dizer essas coisas é o quanto ser sozinha seja tão sinônimo de estar numa bad. Para mim, eu não estou. Para você, recado dado.

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