Minha consciência conversa comigo
na hora de encostar a cabeça pesada no travesseiro. Minha boca cala,
meus ouvidos falam e dos meus olhos corre o rio em busca do peito já farto
de dores miúdas e incômodas que resolveram dar as mãos, a fim de me matar aos poucos. No sufoco de questionar a falta de respostas das
situações, não existe coração que suporte sozinho toda a dor abrupta de um nó
desfeito com muito esforço, por quem sempre quis enfeitar a vida com laços. Mas
minha consciência volta a me segurar e me resgatar forças interiores, as quais
se fizeram desconhecidas até o momento de entender que nem tudo é compreensível
somente partindo dos olhos óbvios e humanos. A limitação dessa vida me recorre,
mas a profundidade espiritual me socorre do poço em que o mundo insiste em me
afundar. E independente do que eu chore, eu ainda conseguirei sorrir e dizer
sins para as pessoas, que têm fome dessa credibilidade muitas vezes tardia.
Mesmo que seja ela uma peça tão rara para se encontrar em toda esquina de
solidão, entre a fumaça do cigarro e a inconsciência da impulsividade, eu
pagarei para ver. Ainda conseguirei com tudo isso, me apegar mais ainda àqueles que me convencem da força
da lealdade, sentida no enigma compartilhador de afetos que é o abraço. O que é verdadeiro atropelará a mentira espiã de olhos maldosos, viva
no silêncio das palavras amargas, que me pondo em uma zona de conforto tão
ilusória, se finda no espatifar de cristais ouvido em um adeus sem
remorsos. Talvez aprenda ainda, que os fins são terapias para que nosso coração
se recicle e um novo momento venha com esperanças juvenis a sonhar, e
horizontes mais bonitos a tremer diante da vista enfadada pelas tristezas. Vida não seria vida
se o fim fosse o fim de tudo. Meter a cara e o pé de novo é preciso, pois tudo
pode parecer perdido, mas ainda haverá um papel em branco esperando para ser
colorido, e um céu estrelado esperando para ser apreciado com a graça de um
sorriso iluminador. As desistências não deverão se depositar no ódio, nem na
indiferença da saudação que será mais o resultado de uma dor antiga do que
uma formalidade banal, mas sim no recomeço. E como o mundo gira independente do que aconteça, assim também o farei. Com o esforço de uma paz alcançada e
com um coração mais limpo da sujeira da humanidade. O lado belo da
vida há de compensar.
Silvanna Oliveira
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