domingo, 20 de maio de 2012

O pouco poético


Hoje sou uma mulher de pouca prosa e muita poesia. E se antes eu precisava de muito pra dizer pouco, hoje o mínimo me preenche e ocupa minha falta de palavras. Palavras para dizer o óbvio, para cantar o exagero, para decifrar o subentendido da minha vida. Minhas vontades todas tecidas pelo desassossego de existir, silenciando para que o outro perceba o vocabulário inteiro... Hoje eu só quero menos espaço para muita verdade, pois chega de mentiras rasgadas, chega de hipérbole para nada. Se for rasgar o verbo que seja pra valer a pena os pretéritos futuramente lembrados, os presentes dados com sinceridade. Arranhar-me com as palavrinhas e machucar alguém com palavrões não faz mais sentido. Adeus a contradição! Porque quero o menos, o singelo, o discreto do dizer. O invisível do parecer. Ao menos hoje, ao menos agora. Antes que a prosa toda volte e a muita poesia vá embora.


(...)

Um comentário:

  1. Eu queria dizer tanta coisa bonita, tanta verdade, tanto "eu concordo com cada linha", mas não sei como dizer tão bem como você. O fato é: ainda resta muita prosa pra eu por pra fora. Lindo, Sil! Lindo de levantar da plateia e aplaudir gritando bravo!

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