sábado, 11 de agosto de 2012

Entre você e eu, mil pedaços


Eu poderia me quebrar em mil pedaços e me lamentar até o fim dos dias, a fim de que você me enxergasse mais uma vez. Ainda reconheço seu cheiro quando passa um desconhecido. Ainda espero por aqueles drinks e conversas prometidas pós-teu-beijo-terapêutico. Não entendo o que me faz te policiar sem armas e escondida do mundo, através de fotos alegres com seus amigos de bar, do carro igual ao teu que me atravessa no centro caótico. Nada é tão concreto que me mantenha nesse teu muro de desaforos. Você sempre esteve mais dentro de mim, do que ao meu lado. Sei dos teus passos, dos teus abraços, dos teus amores descuidados. Sei de tudo que te acontece e faço de conta que não sei. Do teu horóscopo pareço distraída, do teu rock'n roll pareço desentendida. Invento para não transparecer essa vida tua que se infiltrou na minha, fazendo morada na varanda mental. Minha carne fraca reclama teu jeito forte. Você me desmonta, me desfaz, me faz deslizar. Desilude sem pena esse coração em vão. É que já não tem conserto esses remendos de amor. Os remédios acabaram, mas a dor não passou. Tudo passa, menos você com essa malandragem de quem não se importa com o importante. E enquanto isso, a sua vida acontece dentro da minha vida. Você nunca soube, nem saberá. Porque agora eu posso me juntar em mil pedaços e sorrir sem lástimas até o fim dos dias, a fim de que você deixe de existir para sempre.

Silvanna Oliveira

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O lado bom

ouvir!

Minha consciência conversa comigo na hora de encostar a cabeça pesada no travesseiro. Minha boca cala, meus ouvidos falam e dos meus olhos corre o rio em busca do peito já farto de dores miúdas e incômodas que resolveram dar as mãos, a fim de me matar aos poucos. No sufoco de questionar a falta de respostas das situações, não existe coração que suporte sozinho toda a dor abrupta de um nó desfeito com muito esforço, por quem sempre quis enfeitar a vida com laços. Mas minha consciência volta a me segurar e me resgatar forças interiores, as quais se fizeram desconhecidas até o momento de entender que nem tudo é compreensível somente partindo dos olhos óbvios e humanos. A limitação dessa vida me recorre, mas a profundidade espiritual me socorre do poço em que o mundo insiste em me afundar. E independente do que eu chore, eu ainda conseguirei sorrir e dizer sins para as pessoas, que têm fome dessa credibilidade muitas vezes tardia. Mesmo que seja ela uma peça tão rara para se encontrar em toda esquina de solidão, entre a fumaça do cigarro e a inconsciência da impulsividade, eu pagarei para ver. Ainda conseguirei com tudo isso,  me apegar mais ainda àqueles que me convencem da força da lealdade, sentida no enigma compartilhador de afetos que é o abraço. O que é verdadeiro atropelará a mentira espiã de olhos maldosos, viva no silêncio das palavras amargas, que me pondo em uma zona de conforto tão ilusória, se finda no espatifar de cristais ouvido em um adeus sem remorsos. Talvez aprenda ainda, que os fins são terapias para que nosso coração se recicle e um novo momento venha com esperanças juvenis a sonhar, e horizontes mais bonitos a tremer diante da vista enfadada pelas tristezas. Vida não seria vida se o fim fosse o fim de tudo. Meter a cara e o pé de novo é preciso, pois tudo pode parecer perdido, mas ainda haverá um papel em branco esperando para ser colorido, e um céu estrelado esperando para ser apreciado com a graça de um sorriso iluminador. As desistências não deverão se depositar no ódio, nem na indiferença da saudação que será mais o resultado de uma dor antiga do que uma formalidade banal, mas sim no recomeço. E como o mundo gira independente do que aconteça, assim também o farei. Com o esforço de uma paz alcançada e com um coração mais limpo da sujeira da humanidade. O lado belo da vida há de compensar. 



Silvanna Oliveira