Eu poderia me quebrar em mil pedaços e me lamentar até o fim dos dias, a fim de que você me enxergasse mais uma vez. Ainda reconheço seu cheiro quando passa um desconhecido. Ainda espero por aqueles drinks e conversas prometidas pós-teu-beijo-terapêutico. Não entendo o que me faz te policiar sem armas e escondida do mundo, através de fotos alegres com seus amigos de bar, do carro igual ao teu que me atravessa no centro caótico. Nada é tão concreto que me mantenha nesse teu muro de desaforos. Você sempre esteve mais dentro de mim, do que ao meu lado. Sei dos teus passos, dos teus abraços, dos teus amores descuidados. Sei de tudo que te acontece e faço de conta que não sei. Do teu horóscopo pareço distraída, do teu rock'n roll pareço desentendida. Invento para não transparecer essa vida tua que se infiltrou na minha, fazendo morada na varanda mental. Minha carne fraca reclama teu jeito forte. Você me desmonta, me desfaz, me faz deslizar. Desilude sem pena esse coração em vão. É que já não tem conserto esses remendos de amor. Os remédios acabaram, mas a dor não passou. Tudo passa, menos você com essa malandragem de quem não se importa com o importante. E enquanto isso, a sua vida acontece dentro da minha vida. Você nunca soube, nem saberá. Porque agora eu posso me juntar em mil pedaços e sorrir sem lástimas até o fim dos dias, a fim de que você deixe de existir para sempre.
Silvanna Oliveira