Eu queria que algo agitasse. No meu cubículo chamado coração, na minha mente chamada mundo. Para que esquente, proteja, cuide de mim. Ando precisando de muitos afetos que estão perdidos pelo ar, afogados pelo tempo afora. Necessito que alguém abra minha cápsula e mexa e decifre e descubra. Para que eu saia e só volte em instantes eternos, quem sabe. O absurdo monótono não pode adentrar quem já não se move por dentro; quem ensaia gestos e espera palavras. Minhas noites tem se acordado sem me deixarem dormir, e o dia me adormece por horas transbordadas. Leio e assisto, mas daquilo que preciso, os versos melancólicos do poema, nem a luz da televisão me trazem. O calor não convida o frio que está aqui em pleno verão, a retirar-se pra nunca mais. Tudo continua absurdamente parado como um relógio público, Pessoa que o diga... Por isso vou fazer poesia com o nada que me para. E tentar mexer o tudo que me move.
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